Moradores do Amazonas relatam “maior seca dos últimos tempos” em Tefé
Temperaturas muito altas, rios abaixo do normal e pouca chuva marcam a região
é uma das piores secas dos últimos anos”conta Medeiros.
Seca dificulta tudo
Na região do Médio Solimões, onde fica Tefé, a seca que afeta os rios desacelera chegada de remédios e suprimentos, dificultando a vida das comunidades ribeirinhas.
Henrique Barbosa, professor do Instituto de Física da USP e da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, lembra que nos últimos 20 anos ocorreram quatro grandes secas na Amazônia, quando o padrão deveria ser de uma em 100 anos. A Amazônia registrou secas extremas em 2005 e 2010, a maior em mais de 100 anos (desde 1902). O problema se repetiu em 2015 e 2016.
Rios voadores
Barbosa é coorientador de um estudo com pesquisadores internacionais que mostra um efeito cascata dentro da própria Amazônia, decorrente de secas esperadas em função da mudança climática. Mesmo que a seca atinja apenas uma determinada área, ela vai impactar outras que não foram afetadas diretamente. Os cálculos têm como base o transporte de umidade na atmosfera, popularmente conhecido como “rios voadores”.
“A cada três árvores que morrem no Leste da Amazônia, uma quarta morrerá no Sudoeste e Oeste da região. O aporte de umidade levado pelos ventos, que sopram do oceano em direção aos Andes, será 25% menor, o que faz que essa quarta árvore receba menos água”, prevê Marina Hirota, professora da Universidade Federal de Santa Catarina, coautora do estudo com apoio do Instituto Serrapilheira.
“À medida que removemos a floresta, tiramos água desse rio voador e ele vai contribuir menos para a chuva em outras regiões, inclusive com o regime de chuvas no Sul e Sudeste do Brasil”, diz o professor Barbosa. O estudo indica que o Sul do Amazonas, nova fronteira de desmatamento, será uma das áreas mais afetadas pela redução da umidade levada pelos rios voadores.
Com informações do jornal O Globo
Fonte: Portal único.com