Roberto Cidade se cala sobre comissionada na ALEAM alvo da PF em operação que investiga tráfico e lavagem de dinheiro
A Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM) está no centro de um escândalo envolvendo a servidora comissionada Emile Gomes Lasmar, nomeada em fevereiro de 2025 e alvo da Operação Linhagem, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na última quinta-feira (29). A operação desmantelou um esquema de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro que movimentou milhões, com suspeitas de infiltração em estruturas políticas do Amazonas. Apesar da gravidade do caso, o presidente da ALEAM, deputado Roberto Cidade (União Brasil), permanece em silêncio, sem subir à tribuna para repudiar a postura da servidora, dos políticos ligados a ela, ou mesmo emitir qualquer nota oficial, o que intensifica as críticas sobre sua gestão e a transparência na Casa Legislativa.
Emile Lasmar, esposa de Radson Alves de Souza, ex-vereador de Tonantins preso em 2015 na Operação La Muralla por envolvimento com a facção criminosa Família do Norte (FDN), é acusada de usar sua conta bancária para movimentações financeiras atípicas, apontadas como parte de um esquema de lavagem de dinheiro. A PF, em parceria com a Unidade de Pesquisa e Investigação da Receita Federal, identificou que líderes do esquema pertencem a um mesmo grupo familiar, utilizando empresas de fachada para ocultar lucros do narcotráfico.
Emile aparece como sócia de uma rádio em Santo Antônio do Içá (AM), ao lado de seu irmão, mas há fortes suspeitas de que o verdadeiro proprietário seja seu pai, Abrãao Magalhães Lasmar, ex-prefeito do município, indicando o uso de “laranjas” para encobrir a origem do patrimônio. O esquema, que envolve ex-parlamentares municipais e agentes da Polícia Civil com histórico de crimes ligados ao narcotráfico, também levanta suspeitas de financiamento de campanhas políticas com dinheiro ilícito.
A nomeação de Emile para um cargo de confiança na ALEAM, meses antes da operação, coloca Roberto Cidade em uma posição delicada. Como uma pessoa com tais antecedentes foi escolhida para um cargo comissionado? A ausência de qualquer manifestação do presidente da ALEAM – seja na tribuna, onde deputados costumam se posicionar sobre questões relevantes, seja por meio de nota oficial – alimenta especulações sobre negligência ou possível conivência com o caso.
A Operação Linhagem, que cumpriu 12 mandados de prisão preventiva, 2 prisões domiciliares, 30 mandados de busca e apreensão e bloqueou contas bancárias dos investigados, busca rastrear a origem das drogas e identificar todos os envolvidos. Os acusados podem responder por tráfico de entorpecentes, associação ao tráfico e lavagem de dinheiro, com penas que superam 30 anos de prisão. Enquanto isso, a população do Amazonas cobra explicações sobre como uma investigada por crimes tão graves ocupou um cargo na ALEAM.
Moradores de Manaus expressam indignação. “É inaceitável que a Assembleia tenha alguém ligado a esse tipo de crime em cargo de confiança. Onde está a fiscalização? Por que o presidente não se pronuncia?”, questiona José Oliveira, comerciante da capital. A equipe do CM7 Brasil procurou a Presidência da Assembleia Legislativa do Amazonas e a assessoria de Roberto Cidade para esclarecimentos sobre a nomeação de Emile Lasmar e a falta de posicionamento oficial. Até o momento, não houve resposta. O espaço segue aberto para manifestações.