Alvo do MPF, presidente do Inmetro diz que alugou carro com recursos próprios
O presidente do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), Márcio André Oliveira Brito, se manifestou nesta segunda-feira (17) em resposta às denúncias publicadas no último dia 14, que apontam possíveis irregularidades no uso de um veículo alugado da empresa Kaele — a mesma que, durante anos, manteve contratos milionários com o Instituto de Pesos e Medidas do Amazonas (IPEM-AM), comandado por Brito por mais de uma década.
Segundo as informações da coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, o Ministério Público Federal (MPF) apura se houve uso indevido de bem locado com recursos públicos para fins pessoais. O carro em questão, um Toyota Corolla 2023 registrado em nome da Kaele, estaria sendo usado por Brito em Brasília, embora a empresa tenha sede apenas em Manaus (AM) e Boa Vista (RR).
Márcio Brito nega irregularidades e apresenta contrato particular
Em nota oficial enviada à imprensa, Márcio Brito afirma que a locação do veículo foi feita em seu nome, como pessoa física, por meio de contrato privado com a empresa Kaele, sem qualquer relação com o Inmetro ou com recursos públicos. O documento da contratação foi anexado à resposta enviada ao portal.
“O veículo mencionado é de uso estritamente particular e foi locado por meio de contrato privado firmado entre a empresa Kaele e minha pessoa física, sem qualquer vínculo com o Inmetro ou com recursos públicos. Todas as despesas decorrentes dessa locação são custeadas exclusivamente por mim”, afirmou Brito.
Ele também defendeu a legalidade dos contratos firmados entre o IPEM-AM e a Kaele durante sua gestão no órgão estadual, afirmando que todos os processos foram realizados por meio de licitações regulares e com prestação de contas aprovada pelos órgãos de controle.
Outra denúncia
A denúncia também aponta que um funcionário terceirizado do Inmetro, contratado como assistente administrativo, estaria atuando como motorista particular do presidente, sem registrar ponto eletrônico. A autarquia, no entanto, afirma que o colaborador realiza atividades externas e internas, com controle de frequência manual, o que estaria dentro das normas do órgão.
O que levanta suspeitas, segundo o MPF, é a relação entre a Kaele e Brito, já que em 2022 — sob sua assinatura — foi prorrogado um contrato com a empresa no valor de R$ 204 mil. Após sua saída do IPEM-AM, os contratos com a Kaele continuaram, somando quase R$ 500 mil por ano em aluguéis de veículos.
Além disso, o histórico da Kaele preocupa. A empresa já foi investigada por suposto superfaturamento em contratos com a Prefeitura de Coari (AM) e enfrentou medidas cautelares do Tribunal de Contas de Roraima por irregularidades em processos licitatórios entre 2014 e 2016.
“Acusações levianas”, diz presidente
Na nota, Márcio Brito classificou as denúncias como “levianas” e afirmou que sua trajetória como gestor público é pautada pela legalidade e ética. “As insinuações veiculadas na matéria não refletem a realidade dos fatos. Repudio veementemente qualquer tentativa de distorção da verdade que possa comprometer minha honra, minha imagem e minha trajetória como gestor público”, concluiu.