Em apenas 30 segundos, Roberto Cidade e deputados na ALEAM tornaram o IPVA do AM o mais caro do Brasil
Em uma das votações mais rápidas e silenciosas da história da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM), realizada no dia 14 de dezembro de 2022, o então presidente da Casa, deputado Roberto Cidade, liderou uma sessão ordinária que durou menos de 30 segundos – tempo suficiente para aprovar o aumento do IPVA e do ICMS no estado. Sem qualquer consulta à população, a manobra legislativa elevou a carga tributária que atinge diretamente o bolso dos amazonenses até hoje.
O resultado da votação relâmpago? O Amazonas passou a ter um dos IPVAs mais caros do Brasil, com alíquotas que chegam a 4%, igualando-se a estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Mas, diferentemente desses estados, onde há rodovias de padrão nacional e serviços públicos minimamente estruturados, os contribuintes do Amazonas têm como retorno estradas esburacadas, trânsito caótico e serviços precários.
Desde 2023, as alíquotas do IPVA no estado foram progressivamente aumentadas. Em 2022, um carro popular pagava 2%. Em 2024, esse mesmo veículo já pagava 3%. Para carros acima de 1.000 cilindradas, o imposto subiu de 3% para 4% em apenas dois anos. O impacto foi direto no bolso dos motoristas: um Hyundai HB20 1.0 de 2020, que em 2022 pagava R$ 1 mil de IPVA, passou a pagar R$ 1,6 mil em 2024 — um aumento de 60% no imposto, mesmo com o carro desvalorizando.
Enquanto isso, as rodovias AM-010, AM-070 e AM-352 se tornaram verdadeiros campos de batalha. Buracos, falta de sinalização e trechos intransitáveis colocam em risco a vida de quem depende das estradas para trabalhar ou transportar mercadorias. Em vídeo gravado por motoristas indignados, crateras na AM-070 são chamadas de “portais para a China ou para o céu”.
“A gente paga um IPVA absurdo e não recebe nada em troca. Nem um tapa-buraco. É um descaso total”, desabafa João Silva, motorista em Manaus.