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Municípios que lideram queimadas e desmatamento no Amazonas

Municípios que lideram queimadas e desmatamento no Amazonas

Os municípios do Amazonas que mais acumulam registros de desmatamento e focos de queimada têm uma coisa em comum: entre seus habitantes, há mais boi e vaca do que gente. No sul do estado essa relação é mais evidente. Em cidades como Apuí, Lábrea e Boca do Acre, a população bovina supera o quíntuplo de pessoas, de acordo com o Censo de 2022 do IBGE.

No ano passado, o Amazonas registrou o maior número de alertas de desmatamento e focos de queimadas desde o início do monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Respectivamente, foram 2.570 avisos e 21.217 focos. As seis cidades que mais desmataram foram responsáveis por 81% dessa devastação. Todas elas com população bovina superior à humana.

Com nove bois para uma pessoa, Apuí lidera o ranking proporcional. A cidade de 20.647 habitantes reúne 190.000 cabeças de gado. Em número de bois e vacas, Lábrea tem a maior população do Amazonas: 329.800. Lá, são mais de sete bovinos para cada habitante. Esses dois municípios, por sinal, foram os que mais desmataram em toda a Amazônia Legal no ano de 2022: 623 e 606 quilômetros quadrados de avisos, respectivamente.

Nos 62 municípios do Amazonas, os bovinos superam as pessoas em 11, sendo os demais Boca do Acre (seis bovinos por pessoa), Careiro da Várzea, Guajará (ambos com três bovinos por pessoa), Manicoré (dois por pessoa), Novo Aripuanã, Envira, Canutama, Autazes e Nhamundá (pouco mais de um boi por pessoa).

Em algumas dessas cidades, o crescimento de bovinos na última década chama a atenção. É o caso de Novo Aripuanã, que teve alta de 176% dessa população entre 2012 e 2022. Foi o terceiro município que mais desmatou em 2022, um total de 285 km². Já neste ano, é o terceiro com mais focos de queimadas, com 1.649 até metade de outubro, atrás apenas de Lábrea (2.128) e Apuí (2.018).

Política do boi

Toda essa população bovina tem influência direta na política desses municípios. Em Apuí, o prefeito reeleito Marcos Lise (PSC) se identificou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como pecuarista e apresenta como patrimônio “rebanho com 630 bovinos” avaliados em R$ 725 mil, parte de um patrimônio de R$ 2,7 milhões. O bem particular representa 3% do total de bois e vacas na cidade.

Em Autazes, o vice-prefeito e também pecuarista de ofício Marcelo Tupinambá (Republicanos) apresentou “450 cabeças de gado bubalinos e bovinos”, avaliados em R$ 300 mil, como parte de um patrimônio total de R$ 950 mil. O município da Região Metropolitana tem a maior população de bubalinos do estado, com mais de 54 mil búfalos. O número também supera os 41.582 habitantes.

Agro nocivo

Em 2022, a revista científica Science publicou uma pesquisa que relaciona a grande maioria do desmatamento em florestas tropicais no mundo, inclusive no Brasil, com a agropecuária. O estudo apontou que entre 90% e 99% do desmatamento em terras tropicais, no período de 2011 a 2015, estava direta ou indiretamente associado à agropecuária.

Também no ano passado, o MapBioma divulgou estudo que avaliou o intervalo de 38 anos, entre 1985 e 2022, que mostram que a área ocupada pela agropecuária no Brasil cresceu 50% nesse período, avançando sobre 95,1 milhões de hectares – extensão superior ao Mato Grosso, e o equivalente a 10,6% do território nacional. A pesquisa apontou ainda que quase dois terços (64%) da expansão da agropecuária no Brasil é resultado do desmatamento para pastagem, cerca de 64,5 milhões de hectares.

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